Pesquisa revela que os profissionais da educação básica estão altamente expostos à fadiga e perda auditiva, devido ao ruído constante em sala de aula; fonoaudióloga comenta estudo e dá dicas para prevenir danos aos ouvidos.
Passar o dia dentro de uma sala de aula, com dezenas de crianças, é uma rotina desafiadora aos ouvidos dos professores da educação infantil. Afinal, com tantas crianças juntas em um mesmo espaço, o barulho das risadas, gritos, o arrastar das carteiras, as conversas, brincadeiras e toda essa agitação é constante, pois faz parte da natureza delas. Acontece, contudo, que essa exposição prolongada ao ruído coloca em risco a audição do professor, que exerce essa função ao longo de todo o dia. A constatação é de um estudo divulgado pela Academy at University of Gothenburg, da Suécia. A pesquisa revelou que sete, em cada dez docentes da Educação Infantil, apresentam dificuldades auditivas.
Dra. Vanessa Gardini, fonoaudióloga da Pró-Ouvir Aparelhos Auditivos, de Sorocaba (SP), explica que é muito comum as pessoas que trabalham em locais ruidosos, como os professores, apresentarem sintomas de fadiga auditiva. “Ao final de um dia em sala de aula, pode surgir a sensação de ouvido entupido ou zumbido, que são os primeiros sinais da fadiga auditiva. Podemos comparar o quadro com as dores musculares, após uma sessão de exercícios pesados. A diferença é que, quando a fadiga auditiva ocorre com frequência, os ouvidos não vão mais se recuperar, instalando, dessa forma, a perda auditiva definitiva”, esclarece a especialista.
Com a exposição frequente aos ruídos, é possível que os professores apresentem problemas auditivos, como a dificuldade na compreensão da fala. “Esse é um dos principais sintomas da perda auditiva em estágio inicial, que, se não tratado, pode agravar, pois a pessoa começa a aumentar mais o volume da TV ou do rádio, passa a ter dificuldades para falar ao telefone, dentre outros incômodos que irão induzi-la a procurar sons cada vez mais altos”, pontua a fonoaudióloga.
Pessoas com perda auditiva não tratada colocam em risco, não só o sistema auditivo, como também o neurológico. “É cientificamente comprovado que pessoas com perda auditiva sofrem mais com a diminuição do equilíbrio e da noção de localização espacial, com consequente aumento do risco de quedas, redução da capacidade de memória e tendência a desenvolver o Mal de Alzheimer e outras demências”, alerta Dra. Vanessa.
Essas complicações ocorrem, pois o sistema auditivo é direta ou indiretamente responsável por esses processos cognitivos e, se estiver comprometido, não tem condições de desempenhar essas tarefas com perfeição. “É como uma pessoa que para de praticar atividade física. Os músculos, aos poucos, vão perdendo massa e ficando mais fracos. Com a audição comprometida, os estímulos ao cérebro diminuem, deixando o órgão também mais fraco e exposto a doenças degenerativas”, exemplifica Dr. Vanessa.
Uma alternativa para os professores é proteger a audição com o uso de protetores auriculares, que não vedam totalmente os sons, no entanto, diminuem a pressão sonora que chega aos ouvidos. “O uso de protetores auriculares é recomendado quando é inevitável a exposição a ruídos superiores a 85 decibéis, como acontece em uma sala de aula agitada. Barulhos com essa intensidade danificam as células ciliadas dos ouvidos, responsáveis por captar os sons”, revela a fonoaudióloga.
Existem protetores auriculares pequenos e discretos, ideais para serem utilizados no dia a dia. Os acessórios recomendados são como pequeninas rolhas, fabricadas em espuma especial. Eles podem ser adquiridos em farmácias e possuem valor acessível.
Os protetores de modelo padronizado já ajudam muito, no entanto, é possível produzir acessórios sob medida para os ouvidos. “Os fonoaudiólogos fazem um molde do canal auditivo e produzem protetores específicos para a anatomia auditiva da pessoa, o que protege, ainda mais, contra a entrada de água ou ruídos excessivos”, acrescenta Dra. Vanessa.
Mas de nada adiantam os cuidados preventivos quando a perda auditiva já está instalada. “Nesses casos, não há mais a possibilidade de reverter o quadro, mas, sim, de atuar para compensar o problema com medidas de reabilitação, como o uso de aparelhos auditivos, pequenos dispositivos eletrônicos que amplificam os sons e corrigem a deficiência”, fala a especialista. “Atualmente, os aparelhos auditivos modernos possuem conectividade com Smartphones e SmartTVs. Com esses recursos, é possível atender ao telefone, ouvir música ou assistir a programas de TV, com o som sendo enviado diretamente aos ouvidos”, comenta a fonoaudióloga.
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone: (15) 3231-6776, pelo site: proouvir.com.br ou pelo Facebook: facebook.com/proouviraparelhosauditivos. A Pró-Ouvir Aparelhos Auditivos está localizada na Rua Dr. Arthur Gomes, 552, Centro, Sorocaba (SP).
Resultados e aplicações: entenda o que muda em cada método. Nos últimos anos, muito se ouviu sobre a...
Leia MaisSegundo a OMS, 2,5 bilhões de pessoas sofrerão com algum grau de perda auditiva até 2050. A perda auditiva é uma...
Leia MaisChamada de otite de verão, infecção no ouvido pode causar incômodos e também pode acontecer em contato com piscinas...
Leia Mais