Software permitirá maior velocidade na comunicação do óbito e na triagem dos potenciais doadores; primeira fase de implantação abrange hospitais onde o BOS atua diretamente; em um segundo momento, qualquer instituição do Brasil e do mundo poderá fazer uso da ferramenta.
O Banco de Olhos de Sorocaba (BOS), instituição referência no Brasil e América Latina em captação e transplante de córneas lançou um aplicativo para dispositivos móveis, exclusivo para profissionais da saúde que atuam na área, que visa agilizar e aumentar o número de doações do tecido ocular.
A ferramenta permite que a doação da córnea seja acompanhada em tempo real, desde o momento da comunicação do óbito do potencial doador, feita pelos profissionais responsáveis nos hospitais. Após a comunicação via aplicativo, a equipe do Banco de Olhos tem mais tempo hábil para conversar com a família sobre a possibilidade de doação, antes que seja esgotado o prazo para utilização dos tecidos. “Há um passo a passo da doação. Quando uma pessoa morre, as córneas precisam ser retiradas em, no máximo, seis horas em temperatura ambiente, ou doze horas, quando em câmaras refrigeradas, por isso é muito importante criarmos mecanismo para acelerar esse processo e aumentar o número de captações para beneficiar quem necessita de transplantes”, explica Edil Vidal de Souza, superintendente do grupo BOS.
Com o aplicativo, o profissional responsável insere uma série de informações sobre o potencial doador. Caso seja identificado um fator que impossibilite a doação, não é dado andamento ao processo, otimizando o trabalho em prol dos tecidos realmente viáveis”, complementa o superintendente.
As córneas doadas são enviadas ao laboratório para exames complementares e processamento, garantindo a segurança e qualidade do material, com todas as informações registradas na ferramenta, gerando um prontuário único que poderá ser acessado pelas equipes transplantadoras. . Em princípio, o novo aplicativo será utilizado nas unidades de captação do BOS localizadas nas Regiões Metropolitanas de São Paulo, Campinas e Sorocaba, além do Vale do Paraíba e Sudoeste Paulista. “Após a fase de implantação, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde – SES/SP e o Sistema Nacional de Transplantes - SNT, permitiremos que qualquer Banco de Olhos do Brasil, possa fazer uso do aplicativo. Esperamos, com isso, potencializar o número de doações de córnea e reduzir o tempo de espera”, destaca Edil.
Atualmente, a fila para transplante de córnea leva em torno de dois meses em Sorocaba. Na capital paulista, o tempo de espera é de cerca de um ano.
Parceria com Governo do Estado de São Paulo
O Banco de Olhos de Sorocaba firmou uma parceria com o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Saúde em 2004, para atuação em alguns hospitais das regiões metropolitanas de Campinas, São José dos Campos, São Paulo e Sorocaba. Em setembro de 2018 assinou um convênio para potencializar o programa de doação e captação de córneas para transplantes em todo o estado.
Com a formalização desse convênio, passou a ser possível a instalação de unidades de captação de córneas do BOS em qualquer hospital estadual ou filantrópico de São Paulo, o que é fundamental, pois grandes hospitais ainda não captam córneas para transplante, desperdiçando a oportunidade de devolver a visão às pessoas que aguardam pelo procedimento. O BOS possui muita experiência nesse trabalho e já atua nessa área.
As primeiras instituições a receberem uma unidade do BOS, por meio dessa parceria com o Governo do Estado, são o Hospital Geral de Taipas, o Conjunto Hospitalar do Mandaqui, Campo Limpo e Jabaquara, todos na capital paulista e o Hospital Regional de Taubaté, no Vale do Paraíba.
De acordo com os termos do convênio, os hospitais ficarão responsáveis por ceder o espaço para a instalação da unidade e comunicar os óbitos à equipe do BOS, que será responsável pela abordagem às famílias para obtenção das autorizações necessárias e, também, pela captação e processamento dos tecidos oculares.
Líder em transplantes de córneas
O BOS acumula mais de 80 mil doações de córneas e mais de 35 mil transplantes realizados no HOS (Hospital Oftalmológico de Sorocaba). Mais de duzentos médicos oftalmologistas integram a equipe responsável por realizar mais 30 mil atendimentos por mês, sendo 70% por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O alto número de cirurgias de transplante de córneas coloca a organização como a maior transplantadora da América Latina.
O último relatório de Registro Brasileiro de Transplante (RBT), publicado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), que reúne todos os procedimentos realizados no país em 2017, coloca o BOS na liderança nacional, com 2.348 cirurgias do tipo, no ano. O montante representa em torno de 15% de todos os transplantes realizados anualmente no Brasil e mais da metade dos efetuados no estado de São Paulo.
O BOS é, ainda, referência em ensino por capacitar equipes e profissionais da área médica de diversos estados e países para trabalhar em captação e transplante de córneas. Hoje, praticamente todos estados contam com profissionais formados em Sorocaba.
A instituição recebe pacientes de todas as regiões do país, via Sistema Único de Saúde (SUS), visto que esse tipo de procedimento está disponível em poucos locais. O Ministério da Saúde auxilia esses pacientes, financiando a viagem e a estadia, para que eles possam fazer a cirurgia de transplante de córnea, através do TFD - Tratamento Fora do Domicílio.
O HOS está sempre atualizado, possuindo tudo o que há de mais recente em termos de tecnologia, formação e conhecimento. Com isso, todos os pacientes são beneficiados, pois podem ter acesso a recursos que, dificilmente, estariam disponíveis em outros locais do país. Atualmente, a evolução dos procedimentos no BOS está muito próxima do que é feito nos melhores centros de oftalmologia do mundo.
Transplante lamelar de córnea
Um dos procedimentos realizados no HOS, que é exemplo de excelência em tecnologia e capacitação técnica, é o transplante das lamelas posteriores e anteriores da córnea, que permite uma cirurgia menos invasiva e de recuperação mais rápida e segura, visto que, ao invés de transplantar toda a córnea, como é feito no procedimento tradicional, é feita a laminação do tecido, ou seja, a divisão em camadas, o que permite manter as regiões saudáveis. Outra vantagem da técnica é que as córneas que não são totalmente perfeitas, mas que possuem regiões aproveitáveis, podem ser utilizadas, aumentando a taxa de aproveitamento.
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